terça-feira, 29 de junho de 2010

Um minuto de silêncio em português

Bons pensamentos demandam muito silêncio.









O luto por Saramago persiste em mim por desmomentos em que tudo silencia e num soluço dolorido como que atravessado num segundo de tristeza resmunga que sua produção intelectual ainda estava ativa e rendendo pérolas inestimáveis A obra é finda diria meu velho professor que apresentou-me o escritor português há muito dizendo Essas linhas vêm direto do pensamento e eu Só dá pra respirar a cada três páginas e ao me lembrar deste diálogo consolo-me do peso da morte de um escritor que tanto admiro com o adocicado sentimento de que o velho português já havia feito muito pela vida dele e pela minha e pela de tantos garimpeiros de suas jóias literárias.











O exagero é devidamente condenado, e a ausência repudiada. Mas como encontrar o meio sem conhecer os extremos?

quinta-feira, 17 de junho de 2010

investidas curtas

Da dificuldade surge a destreza.







Com palavras também agimos. Ou deixamos de agir.






As palavras mais perigosas sempre estiveram nas bocas mais ingênuas.






Muita profundeza exige muito silêncio.






Os decapitados ainda reivindicam o trono.







Quanta razão é necessária para que a ignorância sucumba? E quanta ignorância determinaria o fim da razão? É muito mais provável que a ignorância prevaleça, pensar não é necessário à vida. A razão não é a regra, a razão é tão excepcional que mal podemos apontá-la na única espécie conhecida que reivindica possuí-la.







Travestir impulsos químicos em palavras não é racionalizar, é iludir-se: qualquer sentimento é justificável.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nos tornamos senhores do mundo antes de nos tornar senhores de nós mesmos.
Adolescentes irresponsáveis com a chave do carro.
Não há porquê ou para quê, motivo ou objetivo, na vida, na existência, na natureza. Não somos um objetivo alcançado ou a decadência de uma perfeição passada.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Tantos caminhos já se mostraram impossíveis que começamos a duvidar de que algum seja possível.

entre biólogos e tendenciosos

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A evolução continua agindo. Mas o que é evolução? É equivocada a conotação "positiva" do termo em que fica implícita a idéia de melhora. Somos resultado do acaso e da pressão do meio, sem qualquer tendência natural que não seja a da multiplicação e auto-preservação.
E a especiação continua selecionando: que espécie será herdeira da aventura humana? Que tipo humano terá prevalecido depois de passado um bom tempo a partir de agora? Não deveríamos escolher os exemplares que queremos perpetuar?
Ora, somente queremos perpetuar a nós mesmos! Fundamento do darwinismo.


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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Alguns eventos tornam a mídia monotemática. Tornam milhões de pessoas monotemáticas.



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A lutar um soldado não pode pensar. Essa ideologia ultrapassa o limite do fronte e doutrina massas.



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É penoso ter consciência da própria miséria. Neste ponto devo ceder ao ditado popular: "A ignorância é uma bênção"

domingo, 13 de junho de 2010

As considerações que nos restam enquanto não decidimos a direção do próximo passo...

A História foi a primeira mentira, e sua refutação a última lenda. O verbo foi o estopim da perspectiva. A descrição, o início da discórdia; a discussão o fundamento da dialética, e a dialética determinou uma estrutura míope para os pensamentos. A palavra é a invenção culpada! Dizer foi o primeiro erro. Mas o erro é necessário! Necessário à vida!



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Todos os comentários que comparam passado, presente e futuro são embotados de uma perspectiva, ora nostálgica e pessimista, ora arrogante e pretensiosa. Não estamos em nenhuma subida. E nem numa descida. Estamos em uma montanha russa.




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Diferente da memória e da comunicação, a inteligência não é propriedade de toda matéria. Aliás, é uma propriedade rara mesmo entre os homens.





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PARA LEMBRAR:





A sabedoria é a recompensa mais sedutora. Prometa-a àqueles que desejares persuadir.





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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Quanta realidade nos escapa? Quanto dela ainda podemos apreender?

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Personificamos, ou, substantivamos muitas ações. Assim, não nos damos conta mas, imputamos uma materialidade, embutimos uma existência concreta aos movimentos. Esta generalização é constituinte da interpretação humana, a lâmina da classificação, da nomeação, incide com violência e então não somos mais capazes de perceber que dividimos aquilo que era somente um.



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A realidade é bem diferente daquilo que vemos. Mas isso não é motivo para achar que tudo o que vemos é ilusão.





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Embora não seja possível a observação imparcial, sua busca é frutífera.






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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ruminar é preciso!

Qualquer explicação conforta, desde que sua possibilidade de ser verossímil esteja assegurada. O conforto não nos incita a testar a explicação. O conforto não nos incita a nada. Por isso a maioria das explicações falsas são aceitas com facilidade. Somente quando algum traço de falsidade se revela na explicação debruçamo-nos sobre a tarefa de investigá-la. A tarefa geralmente termina com outra explicação confortante.





Almejamos aquilo que não temos.
A vontade de sermos bons demonstra que somos irremediavelmente maus.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O mal é necessário.

A existência em si do mal é pouco crível senão no âmbito de uma invenção fisiológica fundamental, decorrente de nossa inescapável necessidade de escolha que se nos impõe a todo momento. Ou seja, julgar é inevitável, o que leva-nos à criação do mal, como figura psíquica e, por fim, discursiva.

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A dor é o contraste, a motriz para a busca do prazer.
Movimentamo-nos somente pelo desconforto.
Para identificar a felicidade, é preciso que se tenha sentido tristeza.

Na realização plena está a estagnação absoluta. A felicidade eterna seria a aniquilação de todo movimento.

sobre o terreno limpo, temos a opção de edificar fortes edifícios, com toda a demora e sacrifício que a empreitada exige, ou de erguer frágeis coberturas que se desmoronam rápido. Em geral, miramos a primeira opção e terminamos percebendo que atingimos a segunda.
Deus é um espelho invertido dos humanos.
O que fazer? Para onde ir? O que queremos?
Entre tantas perguntas percorremos os solos de inúmeros ideais, inúmeras utopias.
Afinal, haverá tanta alternativa assim!?
O que podemos querer? Onde podemos ir? O que podemos fazer?

domingo, 6 de junho de 2010

Os fracos e oprimidos de hoje são os fortes opressores de amanhã.


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Uma quebra de paradigma é sempre a criação de novos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O conhecimento não é algo bom em si. Há saberes que são deveras prejudiciais.

O corpo não é uma parte de nosso ser. Ele é todo nosso ser.

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Não é pelo absurdo da promessa edênica que precisamos desconstruí-la; não é pelo limite raso do conceito paradisíaco que devemos abandoná-lo; não é somente por constituir-se apenas de alucinação que carecemos de desapego aos céus. É pelo seu aspecto venenoso, pelo perigo que traz consigo que devemos nos afastar desta idéia.
Há quem passe a vida acreditando que a felicidade está na morte. Não me oponho a isso. Nem mesmo posso negar que haja uma possibilidade, ainda que muito remota, desta proposição ser verdadeira. Mas à postura hostil das pessoas que pensam assim, e cobram de todos que tenham o mesmo dissabor no pensamento, dissipando o julgamento de que não são confiáveis aqueles que não se convencem dessa postergação. A isto sim, oponho-me.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Entendo que o aprendizado, a filosofia, também seja um prazer corpóreo. Pensar não exige abdicação dos prazeres; ao contrário: dá prazer.

VEJO LOGO CRIO

enunciar é fazer política

Se as perspectivas estão sujeitas a uma paralaxe, não se pode afirmar nem negar, posta a natureza metafísica da proposição. Ser apenas uma perspectiva é a condição inexorável de qualquer proposição, é alicerce de toda construção filosófica, o ponto cego mais irremediável do pensamento.

a respeito de Sócrates

O fato de não haver, entre os contemporâneos de um pensador, quem o pudesse refutar, não comprova o brilhantismo de suas proposições, mas a incompetência de seus interlocutores.
Deixar-se iludir por uma miragem no meio do deserto é compreensível: um sonho para se livrar da dor e do desespero. Em uma situação tão precária, qualquer droga é bem vinda.

um perigo para os românticos

O que torna uma pessoa boba, ingênua, uma vítima fácil, deve ser repugnado por quem precisa ficar em alerta para sobreviver. O amor não é bom companheiro de quem corre perigo. Ao freqüentar campos floridos, somos presas das cobras mais venenosas.

rápidas para alongar

A pequena particularidade humana acredita-se universal num pequeno canto do Universo.

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Será noite ainda depois de amanhã?


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Apenas a quem gostamos não estamos inclinados a praticar nenhum mal. Pela mesma lógica, apenas confiamos em quem demonstra gostar de nós.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Para onde vamos agora?
Antes é preciso responder a outra pergunta:
O que queremos?

terça-feira, 1 de junho de 2010

contra o argumento de que voltaremos para o lugar de onde viemos

É mesmo por covardia que recorremos à coragem. Há, de fato, diversas coisas que advém de seus respectivos opostos. Mas a recíproca não é verdadeira: a covardia não surge da coragem. Assim também, a morte decorre da vida, mas o oposto disso é um absurdo insustentável. Este não é um argumento sequer decente em favor da nossa existência post mortem.
O bem e o mal... a quanto equívoco nos acomete uma invenção!
É preciso olhar por debaixo das flores e perceber quanto estrume há neste solo.
A justificativa para tanta transfiguração e esquecimento é a utilidade desta hipocrisia à manutenção do status quo.

palavras para culpar

O sistema, o capitalismo, o governo, a morte, a vida, a alma, o espírito, o inconsciente... damos nomes a processos e assim criamos fantasmas, personificamos movimentos. O preço pela popularização da ciência é sua própria eficácia, sua própria pertinência.

bifurcados

É decorrência de nosso raciocínio dicotômico, de nossa constituição binária, a criação de conceitos a partir de seus opostos. Produto de nossa linguagem, que é, em si, um sistema binário até nas entranhas. Como efeito surge a metafísica, o espelho, o duplo em que consiste todo e qualquer modelo. E também nosso paradigma radicalmente opositivo, bifurcado.