quarta-feira, 31 de julho de 2013

Na realização plena está a estagnação absoluta.

A felicidade eterna seria a aniquilação de todo movimento.
Ninguém faz nada sozinho. 
Para se fazer uma simples caneta é preciso que uma empresa fabrique o plástico, uma outra desenvolva a tinta, uma terceira que junte as partes, que para isso precisou de máquinas feitas pela quarta empresa, que precisou de aço extraído por uma quinta e etc. Se eu fizesse sozinho uma caneta, daria tanto trabalho e levaria tanto tempo, que ela precisaria custar uma fortuna para pagar minimamente todo o trabalho. Mas se uma equipe de cem funcionários fizesse cem canetas, cada trabalhador fazendo uma pequena parte do processo, uma canetas dessas não teria o mesmo custo da primeira, feita artesanalmente. O valor que uma dessas canetas tem para cada funcionário torna-se assim mais intangível, relativo. 
E ainda tem o funcionário que só pôs a caneta na caixa, e outro que pensa que a inventou...
Como é próprio das empresas essa diluição dos valores...

Estamos todos diluídos nos produtos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Para sair daqui





Retalhos virtuais alucinados

a ruir toda possibilidade de vida

a roubar nossa beleza,

mas na tela ainda instigam uns pequenos delírios.



Gritos infantis exigem irritados

o certo, o errado, melhor, pior, eu sou, eu não sou., é meu!

A discussão nunca valeu a pena,

sempre deixa sem resposta.


Da janela, uma revolução nas ruas!

E os poucos bits de opinião, tola ilusão,

Esvaindo em rios de Terabytes


Na tela passa

Da janela,

O tempo muda

Depois da porta

A vida nua.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Personagem Impossível




Demoro,

que os movimentos,

de dúbios a incertos,

pendem conforme o foco,

e há muito desfoco,

entre aversão e desejo

no mesmo desespero.

Pouco importa a direção.



Porém na demorada,

antes de ser escura ou clara,

por uma fresta de lucidez

desaba a cortina:

sei lá como acreditei

que fúteis decisões

eternizariam esse fictício

...eu!




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Substrato Abstrato


    O ar, chão de toda fala,
adensa na sala
com a sordidez da palavra

    decantada em traços brutos,
num sinal que não diz nada
uma ideia do absurdo

    que se lapido nosso mito
visto nudo pelada
dispo a pele e a cara




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

de muito a pouco


A explosão de mil galáxias
Não clareiam a madrugada
E uma centelha de vida
Quer fazer a alvorada

Desde o antigo mastodonte
Adormece esquecida
de costas, para, chama
sonha o amor que pedia

torpe a maldita saga
da multidão emputecida
ninguém se basta

A labareda no porão é pequena
ilumina um dilema
e não se vai pelo horizonte 



sexta-feira, 30 de novembro de 2012

silenciador sonífero



Um silêncio decanta na madrugada vazia
O tato sente de mansinho
Qualquer segredo cala no travesseiro
Dorme por séculos que o atropelam

Na sombra insistente de um pensamento tonto
Entretanto solto 
Sobra o medo de morrer calado
Entre as paredes tensas do corredor

O grito seco que dispersou o mistério
ecoou no sonho, amanhã esquecido
Um momento
E outro silêncio encobriu outra madrugada infinita